A Democracia Torna-nos Mais Ricos

Uma verdadeira democracia tem uma importante consequência ECONÓMICA:


A democracia distribui melhor o poder e, distribuindo o poder, distribui-se também a riqueza.

Porém, essa distribuição de riqueza, além dos benefícios no tecido social, tem um efeito económico inesperado:


Distribuindo melhor a riqueza, surpreendentemente, o PIB sobe e aumentamos também a riqueza global de uma nação.


Porquê?


Porque as pessoas passam a ter mais recursos para as suas atividades, incluindo também para as atividades que geram riqueza.


Um dos casos de estudo deste efeito é o microcrédito:


O microcrédito, tal como o conhecemos hoje em dia foi idealizado pelo Professor Muhammad Yunus do Bangladesh. Este economista começou por  a conceder pequenos empréstimos a famílias rurais, frequentemente do seu próprio bolso. Estas pessoas, muito pobres, como a maioria da população do Bangladesh, estavam fora de qualquer acesso a crédito.  Os empréstimos eram muito pequenos, normalmente de centenas de euros. Uma parte deles serviram para acudir a dificuldades momentâneas, outros para adquirir bens de consumo mas alguns foram usados para melhorar atividades económicas já existentes e estabelecer novas, Constatou-se então que a disponibilização de recursos monetários, embora escassos, a quem nada tinha, facilitou a criação do auto-emprego e contribuiu, pelo menos em alguns casos, para melhorar dos rendimentos.

Yunus e o banco que criou foram laureados com o Prémio Nobel da Paz em 2006, além de muitos outros reconhecimentos, incluindo a Medalha de Ouro do Congresso Norte-Americano.
Porém, hoje em dia não há a certeza absoluta que o microcrédito seja assim um sucesso tão grande. Os diversos estudos sobre o seu efeito têm apresentado resultados contraditórios. É certo que em alguns casos as pessoas fizeram pequenos investimentos que efetivamente melhoraram o seu rendimento mas, noutros casos, aumentou-se simplesmente o endividamento e os encargos das famílias.
Os resultados mistos do microcrédito indiciam por um lado que colocar mais recursos ao dispor das pessoas pode contribuir para um aumento a médio e longo prazo de rendimentos mas, por outro lado, fornecer crédito talvez não seja a forma ideal de obter esses objetivos.
Se disponibilizando mais recursos às pessoas, ou seja, distribuindo melhor a riqueza estamos a aumentar a capacidade de uma nação para produzir mais riqueza, então, em teoria, as nações com melhor distribuição de riqueza serão também as mais ricas.
Será que isto se verifica?
É certo que outros fatores influem na geração de riqueza mas, apesar disso, encontra-se realmente com uma relação entre o PIB per capita de uma economia e a forma como a riqueza se distribui nessa economia, sobretudo no caso de países que vivem há muitas décadas em economia de mercado: as nações com melhor distribuição de riqueza tendem a apresentar PIBs per capita mais altos.
Por exemplo, comparando o PIB per capita e o índice de desigualdade R/P 10% (o rácio entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres) entre a Alemanha, o Brasil e Portugal:
  • Alemanha: PIB: 40007 USD, R/P:  6.9
  • Brasil:   PIB: 12221 USD, R/P: 40.6
  • Portugal: PIB: 23068 USD, R/P: 15.0
Nota: PIB segundo dados de 2013 do FMI, R/P 10% segundo dados de 2009 das Nações Unidas.
Este gráfico torna claro que uma melhor distribuição de riqueza está correlacionada com uma maior capacidade, per capita, de gerar mais riqueza.

Resta saber que relação de causa-efeito existe nesta correlação: Será que um país com maior distribuição de riqueza se torna mais rico ou será que um país mais rico por sua vez permite uma maior distribuição de riqueza? Ou será ainda que um terceiro fator, por exemplo, caraterísticas culturais, conduzem a melhor distribuição de riqueza e também a paises mais ricos?

Os estudos económicos e as experiências como o microcrédito têm vindo a sugerir o primeiro caso: é a melhor distribuição de riqueza que tem efeito multiplicador, gerando mais riqueza

Um caminho possível para melhorar a economia e consequentemente melhorar a vida das pessoas é então conseguir uma melhor distribuição de riqueza.
Porém, esta distribuição deve ser feita de forma inteligente.
Tal como no microcrédito, a riqueza pode ser distribuída de forma mais ou menos eficaz. Uma forma pouco eficaz seria, por exemplo, com apoios sociais genéricos e uma forma mais eficaz com medidas bem direcionadas:
Uma das melhores maneiras de distribuir riqueza é a educação.
Conseguir uma boa educação é algo que sai extremamente caro mas que se torna essencial no sucesso a longo prazo de qualquer economia.
Distribuir melhor a riqueza significa então investir dinheiro público num sistema de ensino de muito boa qualidade e disponibilizá-lo todos, gratuitamente, independentemente das posses de cada um.
Outra boa forma de distribuir a riqueza é insistir em políticas que combatam o desemprego, em particular através da formação. Alguém que tenha um emprego terá sempre acesso a uma parte da riqueza do país, contribuindo para ela e, quanto mais qualificado for, mais riqueza irá gerar.
Porém, de uma forma permanente, a melhor maneira de garantir a distribuição de riqueza é distribuir o próprio poder.
Distribuir poder significa que a longo prazo haverá um saldo positivo de boas decisões versus más decisões, ou seja que as opções do país irão tendencialmente no sentido beneficiar mais pessoas, por oposição à tendência atual de beneficiar as elites.
A melhor forma de distribuir o poder é democratizar, passando de regimes representativos a verdadeiras democracias, onde o papel dos representantes seja reduzido e onde as pessoas possam votar diretamente as decisões que anteriormente seriam do foro parlamentar.
A representatividade atual tem uma lógica contrária à distribuição de poder: baseia-se no princípio de que muito poucos podem acumular o poder de decisão que seria pertença de muitos.
Portanto democratizar a sociedade é um passo fundamental, não só para progredirmos socialmente e culturalmente mas, sobretudo, para progredirmos economicamente.
É a “pequena mudança” que as novas tecnologias tornaram possível:
Dar aos cidadãos verdadeiro voto na matéria no destino do país, para lá da mera cruzinha num boletim de voto de tantos em tantos anos, deixando assim as pessoas expressar diretamente a sua vontade, sem intermediários.


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