Cortar com os intermediários


O nosso problema, como cidadãos portugueses, é não sabermos o que poderemos fazer para mudar as coisas: isto não é assim tão evidente.

E vamos mudar para o quê?

É certo, todos nos apercebemos que o país, tal como está, não funciona.

Pior que isso, sentimos que esta não é uma crise passageira.

Pressentimos que irá piorar de ano para ano, à medida que a Europa também for decaindo, em parte devido à concorrência asiática, em parte devido a más opções políticas, em parte devido à especulação financeira.

Pois eu recuso-me a aceitar o papel de decaído, recuso-me a aceitar que os meus filhos não terão futuro.

Precisamos de caminhos para dar a volta à situação.

E todos eles passarão por mudar o regime, é notório que não funciona.

Podemos, é claro, sair da chuva para cair no molhado:

Basicamente é o que nos tem acontecido nas últimas décadas de alternância PS, PSD, CDS, com pessoas diferentes mas políticas semelhantes.

É evidente que a DEMOCRACIA atual não funciona, pior que isso, tornou-se numa verdadeira ALDRABICE:

Como é que colocar uma cruzinha de quatro em quatro anos significa aprovarmos todo um conjunto indeterminado de decisões futuras, muitas das quais irão até ser opostas às promessas assumidas?

O que raio significa a cruzinha? Que compromisso têm os eleitos perante nós?

Nenhum?

Estamos a passar uma procuração em branco a pessoas que mal conhecemos, permitindo-lhes depois gerirem a seu bel-prazer os nossos bens, os nossos salários, a nossa vida.

O sistema atual é uma caricatura de democracia.

Nada tem de representativo:

Os deputados representam apenas os seus próprios interesses e os dos grandes grupos económicos que lhes dão emprego, antes ou depois de passarem pela política. Na melhor das hipóteses, os mais à esquerda representam os interesses corporativos dos respetivos partidos.

Quando dizem que não podemos representarmo-nos a nós próprios nas tomadas de decisões, quando dizem que outros têm que o fazer em nosso nome, estão a tomar-nos a todos por criancinhas patetas.

Se existisse democracia os grandes grupos financeiros teriam muito menor influência política: já não adiantaria investir numa estreita relação com os principais partidos.

Se existisse democracia haveria muito menos espaço para a grande corrupção, para o tráfego de influências e para a má gestão.

Se existisse democracia, a meritocracia começaria por cima e um político deixaria de o ser no instante em que as pessoas se sentissem enganadas.

Os governates teriam menos oportunidade de afundar o país.

O grande problema de Portugal e de outras nações é

                          falta de democracia.

A "democracia" representativa não é verdadeiramente uma opção ideológica, surgiu simplesmente pela necessidade de resolver uma dificuldade técnica:

Ao contrário do que sucedia na cidade-estado de Atenas, não era possível reunir toda a população de um país numa mesma assembleia.

Curiosamente agora, graças à revolução das telecomunicações, isso já é possível.

Já podemos conhecer a opinião de todos os cidadãos adultos da nação, de uma forma ainda mais simples e rápida do que na antiga Grécia: sem sequer obrigar as pessoas a estarem fisicamente presentes.

Já não precisamos de quem nos "represente", já não precisamos que outros decidam por nós.

Já podemos tornar o parlamento numa verdadeira Assembleia de Cidadãos, onde cada português adulto e na posse das suas capacidades mentais poderá decidir de acordo com o que considera correto.

Podemos então

Se nos libertarmos da partidocracia, teremos de imediato melhores políticas, incluindo estadistas permanentemente avaliados e responsabilizados. Os melhores virão tendencialmente ao de cima.

Está claro, as pessoas irão enganar-se muitas vezes mas a sua motivação será sempre procurar o bem-estar e progredir, social e economicamente.

Dando poder às pessoas, inclusivamente de fazerem os seus próprios erros, aprendendo com eles, teremos milhões dedicados à procura de soluções. O fosso entre ricos e pobres irá diminuir, como é normal nos países mais desenvolvidos. Igualmente, teremos uma classe média forte, tornando-se no verdadeiro polo de decisão.

Com as políticas corretas, Portugal é um país que tem hipóteses.

Afinal não somos assim tão despojados de recursos, quer em pessoas, quer em recursos naturais, quer em tecnologia, mesmo apesar da desindustrialização das últimas décadas.

Parece-me que o único caminho possível é inovarmos, a nível mundial, como em tempos fizemos, criando um sistema realmente democrático.

Temos que dar poder às pessoas para gerirem o seu próprio destino.

É a isto que se chama DEMOCRACIA.


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